Neste domingo, às 18 horas vai acontecer um dos projetos mais importantes da ONG VIVA BAIXADA, o concurso MISS BAIXADA 2020, pois busca a autoestima, o resgate cultural de cada município e sim, um não ao preconceito a Baixada Fluminense.
Como estamos em plena pandemia, vai acontecer ao vivo numa LIVE, pelo canal oficial do Miss Baixada, no tradicional Salão De Eventos Hollywood, em Nova Iguaçu, a partir das 18 horas. Serão respeitadas todas as normas exigidas pela OMS, com restrição de público e o uso obrigatório de máscaras. Apenas candidatas, equipe e jurados estarão no local. O evento contará com a participação de famosos, através de mensagens, como Bruno Cardoso (vocalista do Sorriso Maroto), Fernanda Keulla (campeã do BBB 2013), entre muitos outros. Haverá uma apresentação do cantor, Kauê Penna, campeão do The Voice Kids 2020, reality da Rede Globo e ainda o cantor Ronny Baby, do hit “Só Zueira” e as cantoras Brenda Black e Brenda Silva.
Nesta edição tão especial as 13 misses todas ganharão cachês em dinheiro, títulos e faixas. A vencedora receberá também, registro de modelo profissional pela SINDMODEL, presidido por Rogéria Cardeal.
O concurso vai muito além da estética, é também cultural. Acontece há 14 anos, com a participação de treze meninas (de 14 a 21 anos), cada uma delas incumbida de representar um município do Grande Rio levando sua história, através de seus trajes e suas apresentações. Contando quando e como surgiram, os pontos pitorescos e tradicionais de suas cidades. Todas as etapas seletivas das misses de cada município foram realizadas remotamente. O evento é também um resgate da autoestima das mulheres da região, que muitas das vezes sentem-se preconceitualizadas, enfrentando a barreira de dificuldades, que muitos de nós não enxergamos. Foram mais de 250 inscrições, somente nesta categoria.
O projeto tem ainda as Categorias que não concorrem, mas tem o intuito de unir os municípios, o Miss Baixadinha e Teen, de 02 a 13 anos, que receberam mais de 400 inscrições. Destaque para a Categoria Master, com mais de 200 mulheres inscritas, sem restrições de idade. Mulheres que batalham contra o machismo e o assédio, na insegurança de ir e vir do trabalho. Na desigualdade social, lutando por educação para os filhos, se unindo para dar voz para mulheres da Baixada Fluminense. O projeto não cobra taxa de inscrições.
Em Agosto/2020 aconteceram as 13 seleções transmitidas ao vivo. Cada uma escolhendo a representante de um município. Cada participante gravou três vídeos diferentes, com o look casual, banho e um que representasse a sua cidade. No último vídeo, o público votava na candidata que conseguisse mostrar o porquê dela defender sua cidade no concurso. Na avaliação, dois quesitos, simpatia e desenvoltura. O Miss Baixada não tem padrão exclusivo de estética e sim o conjunto que faz da candidata ao título, merecedora.
O projeto este ano tem apoio da Lei Aldir Blanc, com incentivo do Governo do Estado do Rio e Governo Federal. Uma conquista histórica, pois em 14 anos de existência, nunca havia recebido nenhum recurso financeiro. Apenas apoiadores, através de produtos ou serviços prestados sem custos, como produção, divulgação e shows, tudo pelo social.
Em janeiro, foram realizados 15 ensaios fotográficos, 13 com a categoria principal e dois com as categorias complementares. O objetivo desses ensaios foi de gerar divulgação positiva, escolhendo um ponto importante de cada município. Essas fotos também resultaram em cartões postais impressos, Ensaio da categoria principal de 14 a 21 anos Ensaio da categoria Master e Ensaio da categoria Baixadinha e Teen.
“É uma batalha, pois trabalhamos com a meta de inclusão, resgate e divulgação da Baixada Fluminense, de uma forma não pejorativa, “BAIXADA”. Que de muitas vezes é pronunciada de forma preconceituosa no social e culturalmente. No Miss Baixada trabalhamos a autoestima e a desconstrução da ideia de que morar na Baixada propõe inferioridade, não aceitar o preconceito, a partir de como nós mesmos olhamos para onde moramos. Por isso a importância de cada miss, ser realmente do município que representa e ter a história da sua cidade e o que ela pode oferecer para nós. Essa é a finalidade do concurso”. Explica Patrícia De Paula, a diretora do Viva Baixada e coordenadora do projeto.
Muito mais que disputa, que vaidade, o VIVA BAIXADA é um resgate à cidadania, inclusão, busca da fala feminina contra a agressão, ao preconceito. O Miss Baixada é apenas um das formas de resgatar a auto estima não só das participantes, mas também de toda sua família.
Depois da maior chacina na baixada fluminense e do estado do Rio, em 30 de marco de 2005, onde 30 pessoas foram mortas aleatoriamente por supostos policiais, a publicitária, Patrícia de Paula se empenhou em criar a ONG VIVA BAIXADA, depois de perceber, que nenhuma entidade, associação ou instituições se movimentaram para criar uma ação em prol das famílias dessa chacina. Ao contrário do que acontece na cidade do Rio, onde estas agressões e barbáries logo fazem instituições se movimentarem e criar projetos, na Baixada essa realidade não existe. Estes tipos de ações sociais só acontecem no Rio, como se as favelas das cidades que compõe o grande Rio não fossem importantes aos olhos de ativistas e sociedade.
A VIVA BAIXADA surgiu também, depois de uma brincadeira onde Paula, a criadora da organização, se posicionava nas reuniões de outras entidades como Viva Rio, Viva Favela, sempre convidada para assuntos de comunidades. “Gente, a Baixada não é favela, forma o maior curral eleitoral do estado. Tem comunidades, mas não é uma grande favela como muitos ainda se referem ou pensam”. Refutava a publicitária de Nova Iguaçu.
Dentro deste projeto, citamos o Festival Cultural Viva Baixada, festival de música, que este ano vai acontecer também on line, no dia 30 de abril, Dia da Baixada, com transmissão ao vivo pelo canal do www.youtube.com/missbaixada. Se apresentação 78 artistas da região, em seis segmentos culturais, Teatro, Moda, Música, Dança, Audiovisual e Artes. Todos esses artistas receberam cachês, gravaram seus vídeos se apresentando e o resultado será mostrado nesse dia de muita comemoração e de conquistas para a região.
Nesse dia também, haverá o lançamento da Revista Fashion B que reunirá em seu conteúdo, uma mistura de assuntos ligados à área da cultura, social e moda, além da cobertura do projeto Miss Baixada e do Festival. A primeira edição contará na Capa, a madrinha do projeto Miss Baixada, ex moradora da região, a apresentadora e jornalista Nadja Haddad.